Apostar não é um investimento nem um modo de vida, afirma o secretário das Finanças responsável "apostas"

Em meio ao crescimento acelerado das apostas online no país, o Ministério da Fazenda quer reduzir o risco de uma epidemia de dívidas e trabalha em limites de apostas e publicidade e até restrições de perfil para impedir gastos excessivos, disse secretário de Prêmios e Apostas do Ministério das Finanças, Régis Dudena.

“A mensagem que deve ficar clara, também na publicidade, é que isto não é um investimento. Você potencialmente perderá todo o dinheiro que apostou porque o está gastando em apostas e não em ficar rico. Isto não é um investimento, não é um complemento ao rendimento, não é um modo de vida”, afirmou.

A regulamentação, diz Dudena, começa separando as empresas de apostas legais das operações ilegais que operavam no Brasil.

“O setor foi legalizado em 2018 e não foi regulamentado, levando à criação de um setor que hoje é utilizado para atividades criminosas ilegais. “Muitos dos problemas que identificamos hoje, desde o sobreendividamento até problemas mais graves de saúde mental, estão ligados não a empresas de apostas, mas sim a organizações criminosas”, afirmou.

O regulamento que rege o registo de empresas junto do governo federal não deveria entrar em vigor antes de janeiro, mas o crescente número de sites ilegais sediados no estrangeiro fez com que esta parte do regulamento fosse adiada para 1 de outubro. A partir do próximo mês, os sites das empresas além das 113 cadastradas na Fazenda Estadual serão desativados.

Além disso, cada um deles terá que implementar mecanismos de controle que identifiquem o jogador, criem um perfil e, com base nisso, criem controles para evitar gastos excessivos que possam em algum momento levar o jogador a ser expulso de um determinado site.

“Você tem que identificar o apostador. Ele precisará se cadastrar em nome próprio, no próprio CPF. “Ele terá que realizar reconhecimento facial para identificação, terá que utilizar a conta bancária que possui para pagamentos e as instituições bancárias deverão obter autorização do Banco Central, ou seja, não haverá mais transações internacionais”, explicou.

Outras regras visam controlar o risco de sobreendividamento. Não será mais possível utilizar cartão de crédito para fazer apostas, apenas pagamentos via transferência bancária ou Pix, mas os sites também terão que criar uma espécie de perfil de jogador e monitorar seu comportamento para evitar comportamentos excessivos.

“Ao coletar dados como qual celular ou computador ele usa, onde mora, que instituição financeira ele é, que renda declara… ele cruza todas essas informações e em pouco tempo o algoritmo consegue determinar qual o perfil de determinado jogador é, é obrigado a oferecer autolimitações ao jogador”, disse ele.

Depois de algum tempo, o sistema deverá gerar quebras obrigatórias e, no limite, em casos mais problemáticos, poderá até bloquear o apostador.

Outra questão que tem atraído críticas é a excessiva publicidade de apostas no país, como o patrocínio de clubes e campeonatos e a utilização de pessoas influentes. Segundo Dudena, as restrições também valerão para a publicidade. Estas incluem a proibição da utilização por menores e a necessidade de esclarecer que se trata de entretenimento e não de uma forma de investir ou ganhar dinheiro.

“As casas de apostas não devem colocar anúncios indicando que é um modo de vida, que é uma renda adicional, que é um investimento, que é uma forma de ser mais bonito, mais chique, mais adequado socialmente. “Publicidade relacionada não pode fazer sentido vender seu produto para benefício social e sim, é preciso deixar claro que é um meio de entretenimento e que a pessoa tem tendência a perder dinheiro”, afirmou.

O ministério também terá o poder de desabilitar publicidade e postagens e acessar contratos de influenciadores em contratos de apostas para verificar o tipo de postagem.

A avalanche de publicidade que atualmente ocupa as televisões, os websites e as redes sociais deverá diminuir a partir de janeiro, também com limitações de tempo.

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